A entrada das mulheres no campo da educação é um processo histórico complexo e gradual, que se desenvolveu em diferentes períodos ao longo da história do Brasil. A educação das mulheres se limitava ao desenvolvimento das habilidades domésticas e para a formação de boas esposas e mães. A educação formal era restrita aos homens.
A partir do século XIX, com as transformações sociais e políticas, a educação começou a se tornar mais acessível às mulheres. Começaram a surgir as primeiras escolas particulares, muitas vezes ligadas à ordens religiosas, onde as mulheres aprendiam religião e, em alguns casos, atividades de artes, além dos afazeres domésticos habituais.
No início do século XX, a expansão do ensino primário criou uma demanda crescente por professores e as mulheres começaram a ocupar esse espaço em maior número. Com a criação das escolas normais, instituições voltadas para a formação de professores, foi impulsionada a entrada das mulheres no magistério, expandindo-se para outros níveis de ensino, como o secundário e o superior. Essas conquistas foram se consolidando junto com o avanço de outros direitos civis, como o direito ao voto e a participação política, contribuindo para a sua inserção no mercado de trabalho.
A associação da mulher ao cuidado e à educação infantil facilitou sua entrada no magistério. As mulheres se tornaram maioria no corpo docente da educação básica e têm aumentado a sua participação na educação superior.
No entanto, apesar dos avanços, as mulheres ainda enfrentam desigualdades salariais e dificuldades para ascender a cargos de liderança na área da educação. A luta contra a desigualdade de gênero na educação é permanente, com o objetivo de superar as desigualdades persistentes e promover a equidade em todos os níveis de ensino.
Outro aspecto relevante da inserção da mulher na educação é a vivência da dupla jornada de trabalho, que combina as responsabilidades profissionais com as tarefas domésticas e cuidados familiares, sendo um desafio significativo para muitas mulheres, especialmente para as professoras. Essa realidade impacta diretamente na qualidade de vida, na saúde mental e na carreira dessas profissionais.
A dupla jornada é um problema complexo que exige soluções multifacetadas. É preciso promover a igualdade de gênero, valorizar o trabalho docente e repensar a distribuição das tarefas domésticas para que as mulheres possam conciliar suas responsabilidades profissionais e familiares de forma saudável e equilibrada.
A discussão sobre a dupla jornada de trabalho das mulheres, especialmente das professoras, e seus impactos na vida profissional e pessoal, é fundamentada por diversas autoras e pensadoras, tanto no Brasil quanto internacionalmente. Alguns nomes importantes incluem Heleieth Saffioti, Eva Blay e Silvia Federici, entre outras. Além dessas autoras, os estudos e pesquisas de diversas outras feministas e cientistas sociais contribuem para a compreensão da dupla jornada e seus impactos.
Apesar dos desafios, a trajetória das mulheres na educação nos últimos 100 anos é uma história de luta, resistência e conquistas. As professoras têm sido protagonistas na transformação da educação brasileira, contribuindo para a formação de cidadãos e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.